Como é Realizada a Escolha de um Papa? Entenda os Detalhes da Eleição do Santo Padre

A escolha de um Papa é um dos eventos mais solenes e significativos da Igreja Católica. Conhecido como o Conclave, esse processo milenar envolve tradição, oração e regras bem definidas que garantem a sucessão do líder máximo da Igreja. 

Mas como exatamente acontece a eleição do Papa? Quais são os critérios utilizados para escolher o novo Santo Padre? 

Neste artigo, você vai entender, passo a passo, como é feita a escolha do Papa, quem pode votar, quem pode ser eleito e os detalhes do ritual que atrai os olhares do mundo inteiro.

O Que é o Conclave?

A palavra conclave vem do latim cum clave, que significa "com chave". Isso se refere ao isolamento dos cardeais eleitores em um local fechado e vigiado, para garantir que a escolha do novo Papa ocorra com total discrição e foco espiritual. Tradicionalmente, o Conclave é realizado na Capela Sistina, dentro do Vaticano.

Esse processo é convocado após a morte ou renúncia do Papa, como aconteceu em 2013 com Bento XVI, que renunciou ao papado — algo que não acontecia há mais de 600 anos.

Quem Pode Ser Eleito Papa?

Apesar de o Papa ser geralmente escolhido entre os cardeais, qualquer homem batizado, solteiro, católico e com plena comunhão com a Igreja pode ser eleito Papa, mesmo que não seja bispo ou cardeal. No entanto, por tradição e praticidade, a escolha recai sempre sobre um cardeal.

Se o eleito não for bispo, ele deve ser imediatamente ordenado bispo antes de assumir oficialmente o cargo de Papa, que também é conhecido como Bispo de Roma.

Quem Vota na Eleição do Papa?

A eleição do Papa é feita exclusivamente pelos cardeais com menos de 80 anos de idade, de acordo com a constituição apostólica Universi Dominici Gregis, promulgada por João Paulo II em 1996 e atualizada por seus sucessores.

Atualmente, o número máximo de cardeais eleitores é 120, embora esse número possa variar ligeiramente. Todos esses cardeais se reúnem em Roma quando a Sé Apostólica fica vacante.

Preparação para o Conclave

Após o falecimento ou renúncia do Papa, o Colégio dos Cardeais se reúne para organizar os preparativos do Conclave. O decano dos cardeais convoca os demais, e um período de luto é observado (geralmente nove dias de orações, chamado de Novemdiales).

Durante esse período, os cardeais debatem sobre os desafios atuais da Igreja, as necessidades dos fiéis e as características ideais que o próximo Papa deve ter. Essas reuniões são conhecidas como Congregações Gerais.

O Juramento de Sigilo

Antes de entrar na Capela Sistina, todos os cardeais eleitores prestam um juramento solene de sigilo absoluto sobre tudo o que acontece durante o Conclave. Qualquer violação pode resultar em excomunhão.

Todos os dispositivos eletrônicos são proibidos. A Capela é verificada para evitar escutas e interferências externas. A intenção é garantir que o Espírito Santo possa inspirar a escolha do novo líder da Igreja sem influências externas.

O Processo de Votação


As votações começam no dia seguinte ao início do Conclave. Cada cardeal recebe uma cédula onde escreve o nome de sua escolha. O voto é feito diante do altar da Capela Sistina com a frase: "Testemunho Cristo, o Senhor, que meu voto é dado àquele que, diante de Deus, eu julgo ser eleito".

As cédulas são dobradas e colocadas em uma urna especial. Em seguida, são contadas, lidas em voz alta por três escrutinadores e registradas. O número de votos é então verificado.

Requisitos para Ser Eleito

Para ser eleito Papa, o candidato precisa obter dois terços dos votos dos cardeais presentes. Se houver 120 cardeais votantes, por exemplo, o eleito precisa de pelo menos 80 votos.

Se após várias rodadas de votação (quatro por dia) não houver um vencedor, os cardeais podem decidir, após longas deliberações, restringir a escolha aos dois candidatos mais votados, mantendo-se o requisito dos dois terços dos votos.

A Fumaça da Capela Sistina


Um dos sinais mais icônicos do Conclave é a fumaça que sai da chaminé da Capela Sistina. Após cada votação, as cédulas são queimadas:

Fumaça preta: indica que nenhum Papa foi eleito.

Fumaça branca: sinaliza que um novo Papa foi escolhido.

Assim que a fumaça branca aparece, os sinos da Basílica de São Pedro tocam, anunciando oficialmente a eleição do novo líder da Igreja Católica.

O Aceite e a Escolha do Nome

Quando um cardeal é eleito, o deão do Colégio dos Cardeais pergunta ao eleito: "Aceita sua eleição canônica como Sumo Pontífice?"

Se o cardeal aceita, ele é imediatamente o novo Papa. Em seguida, é perguntado qual será o nome papal que deseja adotar. Esse nome tem um forte simbolismo e pode refletir o estilo de papado que o eleito pretende seguir.

Exemplos:

João Paulo I e João Paulo II homenagearam seus predecessores.

Francisco escolheu esse nome em referência a São Francisco de Assis, indicando um pontificado voltado à humildade e aos pobres.

A Apresentação ao Mundo: “Habemus Papam”


Após a escolha e o aceite do novo Papa, ele veste os paramentos brancos e é conduzido à sacada central da Basílica de São Pedro, onde o cardeal protodiácono anuncia ao mundo a tradicional frase em latim:

"Habemus Papam!"
(“Temos um Papa!”)

Em seguida, o novo Papa aparece e dá sua primeira bênção como Sumo Pontífice: a Bênção Urbi et Orbi (“à cidade [de Roma] e ao mundo”).

Considerações Finais

A eleição de um Papa é mais que um evento religioso — é um acontecimento histórico que marca o rumo espiritual e moral de mais de um bilhão de católicos ao redor do mundo. Com raízes que remontam ao século XI, o Conclave permanece como um símbolo de continuidade, tradição e fé.

Além dos ritos e protocolos, os cardeais são chamados a discernir, sob a inspiração do Espírito Santo, quem é o melhor pastor para guiar a Igreja em tempos muitas vezes desafiadores.

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Editor do blog

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