O Cristianismo, por muito tempo, foi uma religião unificada. Mas no ano de 1054, aconteceu um dos episódios mais marcantes da história religiosa: o Cisma do Oriente, também conhecido como Grande Cisma. Esse evento dividiu o Cristianismo em duas grandes igrejas: a Igreja Católica Apostólica Romana (ocidental) e a Igreja Ortodoxa (oriental).
O que levou à divisão?
A divisão não aconteceu de uma hora para outra. Durante séculos, havia tensões entre o Ocidente, onde o Papa de Roma tinha grande influência, e o Oriente, onde o Patriarca de Constantinopla era a principal autoridade religiosa.
Algumas causas principais foram:
1. Diferenças culturais e políticas
O Império Romano já havia se dividido em dois: o Império Romano do Ocidente e o Império Romano do Oriente (também conhecido como Império Bizantino). Com isso, surgiram diferenças de idioma, cultura e costumes religiosos.
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No Ocidente, falava-se latim.
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No Oriente, falava-se grego.
2. Disputas de autoridade
O Papa em Roma queria ser reconhecido como líder supremo da Igreja Cristã, inclusive pelos bispos orientais. Já o Patriarca de Constantinopla não aceitava essa autoridade, defendendo que nenhum líder deveria estar acima dos outros.
3. Diferenças teológicas
Um dos pontos de divergência foi a inserção do termo "Filioque" no Credo Niceno pelos ocidentais. Isso significa que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho — o que foi rejeitado pelos cristãos do Oriente, que mantinham a ideia de que o Espírito procede somente do Pai.
O rompimento de 1054
Em julho de 1054, representantes do Papa Leão IX foram até Constantinopla para tentar resolver os conflitos, mas a missão fracassou. Durante uma missa na principal igreja da cidade, a Basílica de Santa Sofia, os enviados do Papa colocaram uma bula de excomunhão (documento oficial) sobre o altar, excomungando o Patriarca Miguel Cerulário.
Em resposta, o Patriarca também excomungou os representantes papais.
Assim, o rompimento foi oficializado. A partir daquele momento, o Cristianismo estava dividido em dois ramos principais:
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Igreja Católica Romana (ocidental), com sede em Roma e liderada pelo Papa.
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Igreja Ortodoxa (oriental), com sede em Constantinopla e liderada por patriarcas.
As consequências do Cisma
Essa separação permanece até hoje. A Igreja Ortodoxa continua com suas tradições orientais, como:
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Uso do idioma grego ou línguas locais nas missas.
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Clero que pode se casar (exceto os bispos).
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Ícones religiosos no lugar de estátuas.
Já a Igreja Católica manteve o latim como base litúrgica por séculos, além da autoridade central do Papa.
Tentativas de reconciliação
Ao longo dos séculos, houve várias tentativas de união, mas nenhuma teve sucesso definitivo. Em 1965, o Papa Paulo VI e o Patriarca Atenágoras I anularam as excomunhões de 1054, como um gesto simbólico de reconciliação. Porém, as igrejas continuam separadas até hoje.
Conclusão
O Cisma do Oriente marcou profundamente a história do Cristianismo. Mais do que uma simples briga religiosa, ele refletiu tensões culturais, políticas e teológicas entre dois mundos diferentes. Compreender esse episódio é fundamental para entender por que existem tantas ramificações dentro do Cristianismo atual.
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Editor do blog
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