Você já se perguntou quem foi o verdadeiro arquiteto da Revolução Russa de 1917? Entre os nomes que marcaram a virada do século XX, Vladimir Lenin se destaca como um dos mais influentes — e também controversos — líderes da história moderna. Sua trajetória não apenas mudou os rumos da Rússia, mas também redesenhou o mapa político global.
Neste artigo, você vai descobrir quem foi Lenin, sua formação ideológica, seu papel na revolução e o legado que ainda ecoa no mundo contemporâneo.
Quem foi Lenin?
![]() |
Imagem gerada com IA |
Formação política e ideológica
Lenin formou-se em Direito na Universidade de São Petersburgo, mas seu interesse sempre esteve voltado para a política e a filosofia. Influenciado pelas ideias de Karl Marx e Friedrich Engels, Lenin se tornou um marxista convicto. Ele acreditava que o socialismo só seria possível através de uma revolução proletária que derrubasse o sistema capitalista e estabelecesse a ditadura do proletariado.
Durante os anos 1890, Lenin participou ativamente de grupos revolucionários clandestinos e, por isso, foi preso e exilado na Sibéria. Após cumprir sua pena, passou a viver fora da Rússia, principalmente na Suíça, onde manteve contato com outros exilados e teóricos marxistas.
Foi nesse período que ele escreveu obras fundamentais como O Que Fazer? (1902), em que defende a criação de um partido revolucionário disciplinado e centralizado.
O Partido Bolchevique
Em 1903, durante um congresso do Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR), Lenin liderou uma cisão entre os bolcheviques (maioria), que apoiavam suas ideias, e os mencheviques (minoria), que tinham uma visão mais moderada e gradualista. Para Lenin, era essencial um partido altamente organizado e combativo, pronto para conduzir a revolução socialista na Rússia, mesmo que o país ainda estivesse em fase pré-capitalista.
Essa visão foi decisiva para o sucesso dos bolcheviques anos depois. Lenin compreendia a importância da propaganda, da mobilização operária e da ação direta como instrumentos de luta contra o regime czarista e as elites econômicas.
A Revolução de 1917
O contexto da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) agravou as condições de vida do povo russo. A fome, o desemprego, a repressão e as derrotas militares levaram à queda do czar Nicolau II em fevereiro de 1917, abrindo espaço para um governo provisório liderado por figuras liberais e socialistas moderados.
Lenin, que estava exilado na Suíça, retornou à Rússia com apoio dos alemães, que desejavam desestabilizar o front oriental. Em abril de 1917, publicou as Teses de Abril, nas quais defendia "paz, terra e pão", além de "todo o poder aos sovietes" — os conselhos operários e camponeses. Essas ideias ganharam força popular e, em outubro de 1917, os bolcheviques lideraram uma revolta armada que derrubou o governo provisório, estabelecendo o primeiro Estado socialista da história.
Governo e medidas radicais
Como líder do novo governo soviético, Lenin implementou uma série de medidas radicais: a nacionalização das terras, o controle operário das fábricas, a saída da Rússia da Primeira Guerra (Tratado de Brest-Litovski) e a criação da Tcheka, uma polícia secreta para combater contrarrevolucionários.
No entanto, o país mergulhou em uma sangrenta guerra civil (1918-1921) entre os "vermelhos" (bolcheviques) e os "brancos" (monarquistas, liberais e estrangeiros). Para vencer o conflito, Lenin adotou o comunismo de guerra, com requisições forçadas de alimentos e controle total da economia. Essas políticas geraram fome e descontentamento, mas garantiram a sobrevivência do regime.
A Nova Política Econômica (NEP)
Com o fim da guerra civil e diante do colapso econômico, Lenin percebeu a necessidade de recuar temporariamente. Em 1921, instituiu a Nova Política Econômica (NEP), que permitia pequenas propriedades privadas e o comércio livre em escala limitada. A NEP ajudou a estabilizar a economia e recuperar a confiança da população.
Apesar de seu pragmatismo, Lenin continuava fiel à meta de construir uma sociedade comunista. Ele via a NEP como uma transição estratégica, e não um abandono dos princípios revolucionários.
Doença, morte e sucessão
Em 1922, Lenin sofreu o primeiro de vários derrames cerebrais, que o deixaram progressivamente incapacitado. Antes de sua morte, em 21 de janeiro de 1924, ele expressou preocupação com o crescimento do poder de Joseph Stalin, a quem considerava rude e perigoso. No famoso "Testamento de Lenin", ele sugeriu que Stalin fosse removido do cargo de secretário-geral do partido. No entanto, seus alertas foram ignorados.
Lenin foi embalsamado e sepultado em um mausoléu na Praça Vermelha, em Moscou, tornando-se símbolo do regime soviético. Com sua morte, iniciou-se uma luta pelo poder que culminaria com a ascensão de Stalin e a consolidação do autoritarismo na União Soviética.
O legado de Lenin
Lenin deixou um legado ambíguo. Para muitos, ele foi um visionário, que enfrentou um regime opressor e criou um sistema baseado na igualdade e na justiça social. Para outros, foi um autocrata revolucionário, cuja visão utópica levou à repressão e ao totalitarismo.
Contudo, é inegável que Lenin foi um estrategista brilhante, cuja atuação transformou profundamente o século XX. Seu pensamento e sua prática inspiraram movimentos socialistas e comunistas ao redor do mundo, da China a Cuba, do Vietnã à África. Estudar Lenin é essencial para compreender não apenas a história da União Soviética, mas também as disputas ideológicas que moldaram o mundo moderno.
Conclusão
A vida de Lenin é um convite à reflexão sobre os limites e possibilidades da mudança social. Ele representa a tensão entre idealismo e realismo político, entre revolução e repressão. Se você quer entender melhor os rumos da história contemporânea, estudar Lenin é indispensável.
Postar um comentário