Você Sabia que a Páscoa é Diferente para Judeus e Cristãos?

 A Páscoa é uma das celebrações religiosas mais antigas e significativas da humanidade. Celebrada tanto por judeus quanto por cristãos, ela carrega simbolismos profundos e tradições que atravessam milênios. Mas apesar de compartilharem o nome e ocorrerem em épocas semelhantes, a Páscoa Judaica (Pessach) e a Páscoa Cristã têm origens, significados e costumes bastante distintos.

Neste artigo, vamos explorar as principais diferenças entre essas duas tradições religiosas, destacando seus contextos históricos, práticas culturais e significados espirituais. Acompanhe essa jornada pela fé, liberdade e renovação.


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O Que é a Páscoa Judaica (Pessach)?

A palavra "Pessach", em hebraico, significa "passagem". A Páscoa Judaica comemora a libertação dos hebreus da escravidão no Egito, um evento central na história do povo judeu e narrado no livro do Êxodo.

Segundo a tradição bíblica, Deus ordenou a Moisés que conduzisse os israelitas para fora do Egito. Antes da partida, ocorreu a décima praga: a morte dos primogênitos egípcios. Deus poupou as casas dos hebreus que marcaram suas portas com sangue de cordeiro, "passando por cima" delas — daí o termo "Pessach".

Quando é Celebrada?

O Pessach começa no dia 15 do mês hebraico de Nissan e dura sete dias em Israel e oito dias na diáspora (comunidades judaicas fora de Israel). A data costuma coincidir com a primavera no hemisfério norte.

Tradições e Símbolos da Páscoa Judaica

Uma das tradições mais marcantes do Pessach é o Seder, um jantar cerimonial realizado nas duas primeiras noites. Nele, a família se reúne para contar a história do Êxodo, usando alimentos simbólicos dispostos em uma travessa especial, a "keará".

Entre os símbolos do Seder, estão:

Matzá: pão ázimo, sem fermento, lembrando a pressa dos hebreus ao deixar o Egito.

Maror: ervas amargas, representando a amargura da escravidão.

Zerôa: osso de cordeiro, símbolo do sacrifício pascal.

Charosset: mistura doce que representa a argamassa usada pelos hebreus escravizados.

Além disso, durante o Pessach, os judeus se abstêm de alimentos fermentados (chamados de chametz), como pães e bolos, em memória da fuga apressada do Egito.


O Que é a Páscoa Cristã?

A Páscoa Cristã é o ponto culminante do calendário litúrgico cristão. Ela celebra a ressurreição de Jesus Cristo, ocorrida no terceiro dia após sua crucificação, como narrado nos Evangelhos do Novo Testamento.

Para os cristãos, a ressurreição simboliza vitória sobre o pecado e a morte, e é a base da fé cristã: Jesus, o Filho de Deus, sacrificou-se pela humanidade e ressuscitou, oferecendo a promessa de vida eterna.

Quando é Celebrada?

A data da Páscoa Cristã varia a cada ano. Ela é celebrada no primeiro domingo após a primeira lua cheia que ocorre após o equinócio da primavera (no hemisfério norte). Por isso, pode acontecer entre 22 de março e 25 de abril.

Tradições e Símbolos da Páscoa Cristã

Antes da Páscoa, os cristãos passam por um período de preparação chamado Quaresma, que dura 40 dias e é marcado por jejum, penitência e reflexão espiritual.

A Semana Santa, que antecede a Páscoa, inclui eventos importantes como:

Domingo de Ramos: entrada triunfal de Jesus em Jerusalém.

Quinta-feira Santa: Última Ceia de Jesus com seus discípulos.

Sexta-feira Santa: crucificação e morte de Jesus.

Domingo de Páscoa: ressurreição.

Entre os símbolos mais conhecidos da Páscoa Cristã estão:

Ovos de Páscoa: representam o nascimento e a vida nova.

Coelho da Páscoa: símbolo da fertilidade e renovação.

Cordeiro Pascal: referência a Jesus como o “Cordeiro de Deus”.

Muitos cristãos também participam de missas, cultos e ceias especiais para marcar a ressurreição de Cristo.


Diferenças Entre a Páscoa Judaica e Cristã

Embora compartilhem uma base histórica — a libertação e a esperança —, as duas celebrações têm focos bem diferentes:


AspectoPáscoa Judaica (Pessach)Páscoa Cristã
SignificadoLiberdade dos hebreus da escravidão no EgitoRessurreição de Jesus e redenção da humanidade
Base BíblicaLivro do Êxodo (Antigo Testamento)Evangelhos (Novo Testamento)
Duração7 ou 8 diasUm único domingo (com período de preparação de 40 dias)
SímbolosMatzá, Maror, Charosset, ZerôaCruz, cordeiro, ovos de páscoa
CelebraçõesSeder, leituras da Hagadá, restrição de chametzMissas, cultos, ceias, troca de ovos de chocolate

Pontos em Comum

Apesar das diferenças, há elementos que aproximam as duas celebrações:

Temática da libertação: ambos os povos celebram a superação da escravidão ou da morte.

Importância espiritual: tanto para judeus quanto para cristãos, a Páscoa é um dos momentos mais sagrados do ano.

Reunião familiar: as celebrações envolvem refeições simbólicas e a união da comunidade ou da família.

Tradições milenares: ambas as festas mantêm rituais antigos que reforçam a identidade cultural e religiosa.

Páscoa no Mundo Atual

Hoje, tanto a Páscoa Judaica quanto a Cristã continuam sendo celebradas com grande reverência e emoção. Em Israel e nas comunidades judaicas do mundo, o Pessach é um momento de reconexão com a história ancestral e com a luta pela liberdade.

Já entre os cristãos, a Páscoa é o ápice da fé, celebrada com alegria e esperança, mesmo diante dos desafios da vida contemporânea.

Em muitos países, as tradições da Páscoa Cristã ganharam também um aspecto comercial, com a popularização dos ovos de chocolate, decorações temáticas e eventos públicos — algo que não ocorre no contexto do Pessach, que permanece estritamente religioso.


Conclusão: Uma Jornada de Fé, História e Renovação

A Páscoa, seja Judaica ou Cristã, é uma celebração de memória, fé e renovação espiritual. Enquanto o Pessach relembra a jornada dos hebreus rumo à liberdade, a Páscoa Cristã celebra a vitória da vida sobre a morte.

Compreender essas tradições é mais do que um exercício histórico ou religioso — é um convite à empatia, ao respeito e ao conhecimento das culturas que moldam nosso mundo.

Seja ao redor da mesa do Seder ou diante do altar na manhã de Páscoa, milhões de pessoas se conectam com suas crenças, suas histórias e suas esperanças por dias melhores. Que essa compreensão nos inspire a valorizar ainda mais a diversidade espiritual que enriquece a humanidade.

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Editor do blog

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