A ditadura militar no Brasil, que teve início em 1964 e durou até 1985, foi um período marcado por graves violações dos direitos humanos e repressão política.
Durante esse período, os povos indígenas foram alvo de diversas políticas repressoras e tiveram seus direitos territoriais e culturais ameaçados.
A política indigenista
A política indigenista adotada durante a ditadura militar teve como objetivo integrar os povos indígenas à sociedade nacional, a partir da assimilação de seus costumes e tradições.
Essa política, conhecida como "política do integracionismo", foi implementada pelo Serviço de Proteção ao Índio (SPI), que posteriormente se tornou a Fundação Nacional do Índio (FUNAI).
A política do integracionismo pressupunha a ideia de que os povos indígenas eram "atrasados" e "selvagens", e que precisavam ser "civilizados" para se tornarem cidadãos plenos.
Isso resultou em medidas como a remoção forçada de comunidades indígenas de suas terras tradicionais e a proibição de suas línguas e tradições culturais.
Apesar das políticas repressoras do regime militar, os povos indígenas resistiram e lutaram pela preservação de seus direitos territoriais e culturais.
Créditos: CAA
A resistência dos povos indígenas se deu por meio de mobilizações políticas, criação de organizações e movimentos sociais e resistência cultural.
Os Xavante, por exemplo, realizaram uma grande mobilização em 1967, em Brasília, para exigir o reconhecimento de seus direitos territoriais.
Eles entregaram uma carta ao presidente Costa e Silva em que afirmavam a importância de respeitar sua cultura e seu direito de viver em suas terras.
Apesar da pressão dos Xavante, o governo militar demorou anos para demarcar suas terras, e muitas comunidades foram expulsas de suas áreas tradicionais.
Créditos: Observatório do Terceiro Setor
Os Pataxó também foram alvo das políticas repressoras do regime militar. Em 1966, a comunidade Pataxó de Barra Velha, na Bahia, foi removida à força para dar lugar a um projeto de colonização.
Em 1972, as terras dos Pataxó foram novamente invadidas por fazendeiros e empresários, e muitos indígenas foram expulsos de suas terras.
A luta dos Pataxó pela demarcação de suas terras e pela preservação de sua cultura continua até os dias de hoje.
Resistência Cultural
No entanto, os povos indígenas também resistiram por meio da arte e da cultura. Os Karajá, por exemplo, criaram o Grupo Karajá de Artesanato, que produzia peças de cerâmica, cestaria e bordados inspirados em suas tradições.
O grupo se tornou uma referência nacional e internacional em artesanato indígena, e ajudou a preservar a cultura e a identidade dos Karajá.
Legado da Luta Indígena durante a Ditadura
A luta dos povos indígenas durante a ditadura militar deixou um importante legado para a história do Brasil.
A resistência dos indígenas ajudou a pressionar o governo para a promulgação da Constituição de 1988, que reconheceu os direitos territoriais e culturais dos povos indígenas e estabeleceu a demarcação de suas terras.
Além disso, a luta dos povos indígenas também contribuiu para o fortalecimento do movimento indígena no Brasil e para o surgimento de novas organizações e movimentos sociais, como a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB).
A luta dos povos indígenas durante a ditadura militar foi um período marcado por graves violações dos direitos humanos e políticos.
As políticas repressoras do regime militar ameaçaram a sobrevivência cultural e territorial dos povos indígenas.
No entanto, a resistência dos povos indígenas contribuiu para a preservação de sua cultura e identidade, além de ter ajudado a pressionar o governo para a promulgação da Constituição de 1988, que reconheceu seus direitos territoriais e culturais.
É importante lembrar que a luta dos povos indígenas continua até os dias de hoje, e que é fundamental apoiar as comunidades indígenas na defesa de seus direitos e na luta pela preservação de suas culturas e territórios.
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