A Conjuração Baiana, também conhecida como Revolta dos Alfaiates, foi um dos movimentos emancipacionistas mais significativos do Brasil colonial. Ocorreu na cidade de Salvador, na Capitania da Bahia, em 1798.
Essa revolta se destacou pelo protagonismo das camadas populares e pela influência das ideias iluministas e revolucionárias que circulavam na época.
Ao contrário de outros movimentos que foram liderados pela elite colonial, como a Inconfidência Mineira, a Conjuração Baiana teve participação ativa de trabalhadores humildes, escravizados e libertos.
Contexto Histórico
Além disso, a população sofria com o aumento dos impostos, a escassez de alimentos e a exploração por parte da Coroa portuguesa.
A influência das ideias iluministas, que pregavam liberdade, igualdade e fraternidade, chegou à Bahia por meio de livros, panfletos e viajantes. A Revolução Francesa (1789) e a independência dos Estados Unidos (1776) também inspiraram setores da sociedade colonial a questionar a dominação portuguesa.
Liderança e Participantes
A Conjuração Baiana foi liderada por indivíduos das camadas populares, como os alfaiates João de Deus, Manoel Faustino e o soldado Luís Gonzaga das Virgens. Também participaram escravizados, libertos, pequenos comerciantes e trabalhadores urbanos.
O movimento tinha um caráter mais radical em relação a outros movimentos da época, pois defendia a abolição da escravidão e a igualdade racial, além da independência do Brasil.
Objetivos e Reivindicações
Os conjurados elaboraram um programa político baseado em princípios igualitários. Entre suas principais reivindicações estavam:
Independência do Brasil em relação a Portugal;
Fim da escravidão e igualdade entre brancos, negros e mulatos;
Redução de impostos e melhorias econômicas para as camadas mais pobres;
Criação de uma república baseada nos ideais iluministas.
Esses objetivos foram divulgados por meio de panfletos e discursos em locais públicos, o que aumentou a adesão popular ao movimento, mas também chamou a atenção das autoridades coloniais.
Repressão ao Movimento
As autoridades coloniais, temendo a propagação das ideias revolucionárias e o apoio popular, agiram rapidamente para reprimir a Conjuração Baiana. Diversos participantes foram presos e interrogados sob tortura. Durante as investigações, as lideranças do movimento foram identificadas e julgadas por traição à Coroa.
No total, quatro dos principais líderes foram condenados à forca: João de Deus, Manoel Faustino, Luís Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas. Suas execuções ocorreram em 8 de novembro de 1799, na Praça da Piedade, em Salvador, como uma forma de intimidar outros potenciais rebeldes. Seus corpos foram expostos em locais públicos como aviso para a população.
Consequências e Legado
Apesar da repressão brutal, a Conjuração Baiana deixou um legado importante na história do Brasil. Foi um dos primeiros movimentos a articular demandas pela abolição da escravidão e igualdade racial, antecipando debates que só ganhariam maior força no século XIX.
A revolta também destacou o papel das camadas populares no processo de resistência ao colonialismo, contrastando com movimentos predominantemente elitistas da época. Embora tenha sido esmagada, a Conjuração Baiana inspirou futuras gerações a lutar por liberdade, igualdade e justiça social.
Atualmente, o movimento é lembrado como um marco na luta pela emancipação do Brasil e pelos direitos das populações marginalizadas. A Praça da Piedade, onde ocorreram as execuções, tornou-se um símbolo de resistência e memória histórica.
Postar um comentário