Olinda, localizada no estado de Pernambuco, é uma das cidades mais antigas e encantadoras do Brasil. Com suas ladeiras, igrejas barrocas e um dos carnavais mais famosos do país, Olinda é Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade pela UNESCO desde 1982.
Neste artigo, você vai conhecer toda a história de Olinda – PE, desde suas origens indígenas, passando pela colonização portuguesa, invasões, reconstruções e sua relevância cultural nos dias atuais.
As Origens de Olinda
Foi no início do século XVI que os portugueses começaram a se interessar pela região, especialmente pela sua localização estratégica e pela riqueza do pau-brasil, árvore de grande valor comercial na Europa.
A Fundação de Olinda
Em 12 de março de 1535, o donatário Duarte Coelho Pereira, que havia recebido a Capitania de Pernambuco, fundou a vila de Olinda. O nome teria surgido, segundo a tradição popular, da expressão do próprio Duarte Coelho ao avistar o belo cenário do alto das colinas: “Ó linda situação para se construir uma vila”.
A vila logo se tornou o centro administrativo, econômico e religioso da capitania de Pernambuco. A economia era baseada na exploração do pau-brasil e, posteriormente, no cultivo da cana-de-açúcar, que se tornou o principal motor econômico da região.
Olinda na Época Colonial
Desenvolvimento Econômico e Social
Durante os séculos XVI e XVII, Olinda prosperou com a economia açucareira. As riquezas geradas permitiram a construção de belíssimas igrejas, conventos e sobrados, muitos dos quais resistem até hoje e formam o famoso Centro Histórico de Olinda.
A cidade tornou-se sede do governo da capitania e centro religioso, com a instalação de ordens como os franciscanos, beneditinos e carmelitas, que construíram conventos e igrejas imponentes.
A Invasão Holandesa
A prosperidade de Olinda foi interrompida com a invasão holandesa em 1630. Os holandeses, interessados no controle do comércio de açúcar, tomaram Recife e Olinda. Durante o conflito, em 1631, Olinda foi saqueada e incendiada pelos holandeses, que preferiram transferir o centro administrativo para o Recife, mais adequado para a defesa e comércio devido ao seu porto natural.
Olinda ficou praticamente em ruínas após o incêndio, e essa mudança marcou o início do crescimento de Recife como centro econômico, enquanto Olinda permaneceu como centro religioso e cultural.
Reconstrução de Olinda
Após a expulsão dos holandeses em 1654, Olinda foi lentamente reconstruída. Suas igrejas foram restauradas e novos edifícios surgiram, mantendo-se como sede do bispado de Pernambuco até o século XX.
Porém, nunca mais recuperou o protagonismo econômico perdido para o Recife, que se consolidou como capital da capitania em 1827.
Olinda no Período Imperial e Republicano
Durante o período imperial, Olinda manteve-se como uma cidade de importância histórica e cultural. A cidade serviu como residência de muitos senhores de engenho, membros do clero e intelectuais.
Com a abolição da escravidão em 1888 e a Proclamação da República em 1889, Olinda começou a se transformar, mas manteve sua vocação cultural e religiosa.
No século XX, movimentos de preservação começaram a surgir, diante da importância do patrimônio histórico da cidade.
Patrimônio da Humanidade
O reconhecimento internacional veio em 1982, quando Olinda foi declarada Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade pela UNESCO. O conjunto arquitetônico barroco, as ladeiras, os casarões coloniais e as igrejas foram preservados como um dos maiores tesouros culturais do Brasil.
Além disso, Olinda é também Patrimônio Histórico Nacional desde 1937, protegido pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
Cultura e Tradições de Olinda
Carnaval de Olinda
O Carnaval de Olinda é uma das maiores expressões culturais do Brasil e um dos mais tradicionais do país. Diferente dos carnavais de escolas de samba, aqui os foliões descem as ladeiras da cidade acompanhando os famosos bonecos gigantes de Olinda, além de blocos de frevo, maracatu, caboclinhos e outros ritmos da cultura popular pernambucana.
O carnaval de rua é gratuito, democrático e atrai milhares de turistas nacionais e estrangeiros todos os anos.
Manifestações Culturais
Além do carnaval, Olinda respira cultura o ano inteiro. São festas religiosas, como a Festa de São João, a Festa do Carmo, além de encontros de maracatus, blocos afro, oficinas de artesanato, música e teatro.
A cidade é também reduto de artistas plásticos, músicos e escritores, que encontram nas ruas e paisagens de Olinda uma fonte inesgotável de inspiração.
Olinda Hoje
Atualmente, Olinda é uma cidade com cerca de 390 mil habitantes, segundo dados do IBGE. Embora esteja integrada à Região Metropolitana do Recife, Olinda mantém características próprias, com forte apelo turístico e cultural.
A economia local gira em torno do turismo, do artesanato, de atividades culturais e também de serviços. O Centro Histórico é o principal ponto turístico, onde é possível visitar igrejas como:
- Igreja da Sé
- Mosteiro de São Bento
- Convento de São Francisco
- Igreja do Carmo
- Igreja de Nossa Senhora do Amparo
Além disso, há museus como o Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco (MAC), ateliês de artistas, mirantes com vistas incríveis para o Recife e o mar, e uma gastronomia rica que mescla tradição e modernidade.
Desafios e Preservação
Embora seja uma cidade voltada ao turismo e à cultura, Olinda enfrenta desafios relacionados à preservação de seu patrimônio. As ações de conservação são contínuas, mas esbarram muitas vezes em limitações orçamentárias e problemas urbanos, como crescimento desordenado e pressão imobiliária.
Entretanto, tanto a gestão municipal quanto entidades culturais e a população local trabalham constantemente para preservar a essência de Olinda, mantendo viva sua história e tradições.
Conclusão
A história de Olinda – PE é uma das mais fascinantes do Brasil. Da ocupação indígena à colonização portuguesa, das invasões holandesas à reconstrução, Olinda carrega em suas ladeiras, igrejas e manifestações culturais a memória viva do nosso passado.
Hoje, Olinda é mais que um cartão-postal. É um símbolo de resistência, de cultura e de amor à história. Visitar Olinda é caminhar pelo tempo, é ouvir as vozes dos ancestrais nas pedras das ladeiras e sentir a energia vibrante de um povo que mantém acesa a chama de suas raízes.
Postar um comentário