Halloween: qual é a origem das assustadoras lanternas de abóbora?

Quando o mês de outubro chega, as ruas, escolas e casas ganham uma decoração especial: teias de aranha falsas, fantasmas, bruxas, esqueletos e, claro, as icônicas lanternas de abóbora — as famosas Jack-o’-lanterns

Com seus rostos esculpidos em expressões assustadoras e iluminadas por velas, elas são o símbolo mais marcante do Halloween.

Mas... de onde veio essa tradição? Por que uma simples abóbora se tornou um ícone de uma das festas mais populares do mundo? A resposta está em antigas lendas celtas, mitos sobre espíritos e transformações culturais que atravessaram séculos e oceanos.

A seguir, você vai conhecer a origem, o significado e a evolução das lanternas de abóbora, desde suas raízes misteriosas na Europa até o Halloween moderno que conhecemos hoje.

🌑 As origens celtas do Halloween

Para entender as lanternas, é preciso voltar mais de dois mil anos, até o festival celta chamado Samhain (pronuncia-se “sôuin”). Esse festival, celebrado entre os dias 31 de outubro e 1º de novembro, marcava o fim da colheita e o início do inverno — uma época sombria, associada à morte e aos espíritos.

Origem das lanternas de abobora no Halloween

Os celtas acreditavam que, nessa noite, a fronteira entre o mundo dos vivos e dos mortos se tornava mais fina, permitindo que os espíritos vagassem pela Terra. Para afastar as almas malignas e guiar as boas, eles acendiam fogueiras, deixavam oferendas e usavam máscaras assustadoras.

Essas práticas foram os primeiros passos para o que, séculos depois, se tornaria o Halloween. Mas onde entram as lanternas?

É aqui que surge a lenda de Jack, o avarento, uma história popular na Irlanda que daria origem ao nome Jack-o’-lantern e explicaria o motivo das luzes dentro das abóboras.

🔥 A lenda de Jack: o homem que enganou o diabo

A tradição das lanternas de abóbora vem de uma antiga lenda irlandesa sobre um homem chamado Stingy Jack — ou “Jack, o Pão-Duro”.

Jack era conhecido por ser esperto e trapaceiro, mas também muito avarento. Segundo a lenda, ele tentou enganar o próprio Diabo em diversas ocasiões.


Origem das lanternas de abóboras no Halloween

💀 A primeira trapaça

Certa vez, Jack convidou o Diabo para beber com ele em uma taverna. Quando chegou a hora de pagar a conta, Jack se recusou a gastar seu dinheiro e convenceu o Diabo a se transformar em uma moeda. Assim, ele poderia pagar a bebida e o Diabo voltaria à sua forma depois.

Mas Jack, ao invés de pagar, colocou a moeda em seu bolso, junto com um crucifixo de prata, o que impediu o Diabo de retornar à sua forma original.

Para se libertar, o Diabo prometeu a Jack que não levaria sua alma para o inferno quando ele morresse. Jack aceitou e o libertou.

👻 A segunda trapaça

Alguns anos depois, Jack e o Diabo se encontraram novamente. Jack, ainda tentando enganar o demônio, pediu que ele subisse em uma árvore para pegar uma maçã. Enquanto o Diabo estava no alto, Jack entalhou uma cruz no tronco, prendendo-o novamente.

Jack só o libertou depois que o Diabo renovou sua promessa de não levar sua alma.

🕯️ O destino de Jack após a morte

Quando Jack finalmente morreu, não foi aceito no Céu, pois tinha levado uma vida cheia de mentiras e trapaças. No entanto, o Diabo também cumpriu sua promessa: não deixou Jack entrar no Inferno.

Sem ter para onde ir, Jack foi condenado a vagar eternamente pela escuridão, com apenas um nabo oco contendo uma brasa flamejante do inferno para iluminar seu caminho.

Assim, ele se tornou Jack of the Lantern, ou Jack da Lanterna — nome que, com o tempo, foi abreviado para Jack-o’-lantern.

Os irlandeses acreditavam que, na noite de Halloween, a alma de Jack vagava pelas estradas, e para afastá-lo, as pessoas começaram a esculpir rostos assustadores em nabos ou batatas, colocando uma vela dentro para espantar o espírito errante.

🥔 Antes da abóbora: as primeiras lanternas eram de nabos e batatas

É curioso saber que as primeiras Jack-o’-lanterns não eram feitas de abóbora. Na Irlanda e na Escócia, onde a tradição nasceu, nabos e batatas eram os vegetais mais comuns e fáceis de esculpir.

As pessoas cortavam rostos grotescos nesses vegetais, colocavam velas dentro e os deixavam nas janelas ou portas para afastar Jack e outros espíritos malignos durante o Samhain.

Essas lanternas tinham um ar realmente assustador — até mais sombrio do que as abóboras que conhecemos hoje. Algumas esculturas de nabos do século XIX encontradas em museus europeus mostram rostos distorcidos e macabros, muito mais sinistros do que os usados atualmente.

🎃 A chegada das abóboras na América

Quando os imigrantes irlandeses e escoceses chegaram aos Estados Unidos no século XIX, trouxeram consigo suas histórias, tradições e costumes — inclusive o hábito de fazer as Jack-o’-lanterns.

Mas nos Estados Unidos, eles encontraram um novo ingrediente: a abóbora.

As abóboras eram grandes, ocas e fáceis de esculpir, além de serem abundantes no outono americano. Elas se tornaram o vegetal perfeito para substituir os nabos e batatas da Europa.

Assim, a abóbora rapidamente assumiu o papel principal na tradição das lanternas e se tornou símbolo definitivo do Halloween.

🌽 O Halloween e as colheitas americanas

O uso da abóbora também se encaixava perfeitamente com a época da colheita nos Estados Unidos. Outubro e novembro são meses em que as plantações de abóboras estão no auge, e o Dia de Ação de Graças (Thanksgiving) também celebra esse alimento.

Por isso, as Jack-o’-lanterns acabaram se associando não apenas ao sobrenatural, mas também à colheita e à prosperidade — uma fusão entre o medo dos espíritos e a gratidão pela fartura.

A tradição se espalhou rapidamente, e já no início do século XX, crianças e famílias americanas faziam da escultura de abóboras uma atividade divertida e artesanal durante o mês de outubro.

🧙‍♀️ A transformação da tradição: do medo ao entretenimento

Com o passar dos anos, o Halloween deixou de ser um festival religioso e místico para se tornar uma festa popular de diversão, com fantasias, doces e decoração temática.

As Jack-o’-lanterns acompanharam essa transformação:

  • Se antes eram usadas para afastar espíritos,

  • Hoje são usadas para encantar e divertir.

As feições grotescas deram lugar a rostos sorridentes, engraçados e criativos. Hoje é comum ver concursos de esculturas de abóboras, onde artistas criam desde rostos de monstros até retratos de personagens famosos.

Mesmo com essa mudança de significado, a chama dentro da abóbora ainda representa luz em meio à escuridão, uma lembrança simbólica da antiga lenda de Jack e das origens místicas do Halloween.

🕸️ O simbolismo da abóbora iluminada

A lanterna de abóbora é um símbolo de dualidade: luz e trevas, vida e morte, proteção e medo.

Cada elemento dela tem um significado simbólico:

  • A luz interna (a vela ou lâmpada): representa a alma, o fogo espiritual que guia e protege.

  • A abóbora oca: simboliza o corpo terreno, passageiro e mortal.

  • O rosto esculpido: é o guardião, o “vigia” da casa contra espíritos errantes.

Por isso, em muitas culturas, a Jack-o’-lantern é vista como um amuleto — uma forma de transformar o medo da morte em uma celebração da vida.

👧🧑 As Jack-o’-lanterns no Halloween moderno

Hoje, as lanternas de abóbora são parte essencial das decorações de Halloween em todo o mundo. Elas aparecem em varandas, janelas, filmes, desenhos e até em produtos comerciais.

Filmes como O Estranho Mundo de Jack e Halloween ajudaram a eternizar o símbolo, transformando a abóbora iluminada em ícone global da cultura pop.

Nos Estados Unidos, milhões de abóboras são colhidas todos os anos para o Halloween, e o ato de esculpir a Jack-o’-lantern se tornou uma tradição familiar — uma mistura de arte, lenda e celebração.

🌍 A expansão cultural: do mundo celta ao planeta inteiro

O Halloween, que começou como uma celebração celta restrita à Irlanda, hoje é celebrado em dezenas de países, com diferentes costumes e adaptações culturais.

No Brasil, por exemplo, o Halloween vem ganhando espaço com festas temáticas, eventos escolares e decoração inspirada nas tradições americanas. As abóboras decoradas já aparecem em lojas, casas e shoppings, embora com um toque mais tropical.

Em países como Japão, as lanternas de abóbora também se popularizaram, mas com uma estética mais “fofa” e artística, mostrando como o símbolo evoluiu e se adaptou às culturas locais.

🌕 O que a lenda de Jack ensina até hoje

Por trás das luzes e decorações, a história de Jack ainda guarda uma mensagem simbólica. Ela fala sobre as consequências de nossas escolhas, a busca por redenção e a importância da luz interior para não se perder na escuridão — literal e metafórica.

Em certo sentido, cada lanterna acesa no Halloween é uma homenagem a esse personagem folclórico, que, mesmo condenado a vagar, encontrou uma forma de iluminar o próprio caminho.

🎃 Curiosidades sobre as lanternas de abóbora

  1. O maior festival de Jack-o’-lanterns do mundo acontece em Keene, New Hampshire (EUA), onde já foram exibidas mais de 30 mil abóboras iluminadas em uma única noite.

  2. A palavra “Jack-o’-lantern” aparece em registros escritos desde o século XVII e originalmente significava “homem com uma lanterna” — como um vigia noturno.

  3. Existem abóboras especialmente cultivadas para o Halloween, conhecidas como “pumpkin carving”, com casca mais fina e formato ideal para esculpir.

  4. Algumas pessoas ainda seguem o costume de deixar a lanterna acesa durante a noite de 31 de outubro para proteger o lar dos espíritos.

  5. No folclore, se a luz da lanterna se apaga sozinha, diz-se que um espírito errante está por perto — uma superstição que mantém o toque de mistério do Halloween.

🔮 Conclusão: uma chama que nunca se apaga

A lanterna de abóbora é muito mais do que uma simples decoração: é um elo entre o passado e o presente, entre o mundo dos vivos e o dos mortos, entre o medo e a festa.

Da lenda sombria de Stingy Jack às varandas iluminadas das casas modernas, esse símbolo atravessou séculos de história e transformações culturais sem perder seu poder encantador.

Cada abóbora acesa no Halloween é, de certo modo, uma homenagem às antigas crenças celtas, à criatividade humana e à nossa eterna relação com o desconhecido.

Assim, quando você ver uma abóbora sorridente iluminada na noite de 31 de outubro, lembre-se: dentro dela arde uma história antiga — e uma pequena chama de eternidade.

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Editor do blog

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