No ano seguinte ao da morte de Getúlio Vargas, 1955, o povo brasileiro elegeu Juscelino Kubitschek de Oliveira, como presidente da República, e João Goulart (Jango, como era chamado), como vice-presidente.
A UDN não se conformou com a derrota nas eleições;
Carlos Lacerda, seu principal líder, queria depor o presidente legitimamente
eleito com base na Constituição de 1946.
E, por isso, passou a dizer que os eleitos não tinham a
maioria absoluta (50% mais um), que eram apoiados pelos comunistas e que era
necessário um golpe militar para impedir a posse de Juscelino e Jango.
Mas o golpe não aconteceu: o general legalista Henrique
Teixeira Lott colocou seus soldados nas ruas do Rio de Janeiro e obrigou os
golpistas a fugirem. Com isso, ele garantiu a posse de Juscelino Kubitschek.
Governo Juscelino: “50 anos em 5”
Juscelino Kubitschek, conhecido como JK, elegeu-se prometendo que faria o Brasil progredir 50 anos
em 5 (tempo de duração de seu
mandato).
Sua política de desenvolvimento, conhecida como
desenvolvimentismo, defendia a industrialização acelerada como forma de
desenvolver e modernizar o país.
Mas, enquanto para Vargas o governo devia controlar a
entrada de capital estrangeiro, para
Juscelino o governo devia atrair capitais estrangeiros,
facilitando às empresas multinacionais aqui instaladas a importação de máquinas
e equipamentos e concedendo a elas isenção de impostos por vários anos.
Num estilo otimista e arrojado, Juscelino iniciou seu
mandato apresentando ao país seu Plano de Metas: um plano de governo que previa
investimentos públicos em cinco grandes áreas: energia,
transporte, indústria, alimentação
e educação.
O governo JK ofereceu facilidades e incentivos a empresas multinacionais que, com isso, instalaram fábricas no Brasil para produzir bens de consumo. Entre essas empresas estavam fábricas de veículos do ABCD Paulista como a Willys Overland, a Ford, a General Motors e a Volkswagen.
Brasília: a meta-síntese
Coerente com seu plano, o governo investiu milhões na
indústria de base; construindo siderúrgicas, como Usiminas e Cosipa;
hidrelétricas, como Três Marias e Furnas; portos e mais de 20 mil quilômetros
de estradas de rodagem. Durante o governo de JK, a produção industrial cresceu
80%.
Em termos empresariais, a indústria automobilística
foi um sucesso. Puxada pela indústria, a economia brasileira cresceu a
uma taxa média anual de 8,1%, indício de que, no geral, o Plano de Metas foi
bem-sucedido. Muitas de suas metas foram alcançadas, inclusive a construção de
Brasília, conhecida como meta-síntese.
A ideia da construção de Brasília não era nova. Há
muito se pensava em mudar a capital para o interior do país. Coube, no entanto,
ao governo Juscelino a glória dessa obra, planejada pelo arquiteto Oscar
Niemeyer e pelo urbanista Lúcio Costa.
Mas, para que essa ideia se transformasse em realidade, foi
necessário que milhares de pessoas humildes e desconhecidas, vindas de vários
cantos do país, trabalhassem muito durante três anos consecutivos.
Graças principalmente a esses trabalhadores – chamados candangos –,
Juscelino pôde inaugurar Brasília em 21 de abril de 1960.
Crescimento industrial e desigualdades regionais
O governo JK conseguiu promover uma arrancada industrial.
A meta 27 (indústria automobilística) foi totalmente alcançada. Porém, essa
opção do governo JK pela “civili zação do automóvel” desconsiderou a
necessidade de ampliação dos meios de transporte coletivo; as ferrovias
foram praticamente abandonadas; e o transporte de pessoas e mercadorias
passou a depender cada vez mais das estradas de rodagem, do petróleo e de seus
derivados.
O crescimento econômico no
governo JK criou um clima de otimismo e gerou muitos empregos, mas não
beneficiou igualmente todas as regiões brasileiras. As indústrias
recém-criadas concentraram-se no Centro-Sul, o que aumentou anda mais as
diferenças socioeconômicas entre as regiões do país.
Ocorreu então uma forte
migração para o Centro-Sul; milhares de nordestinos e de
mineiros (do interior do estado) deixaram sua terra natal e se mudaram para São
Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte em busca de emprego na indústria.
Os anos JK combinaram democracia política e
crescimento industrial; mas aqueles anos foram também tempos de inflação
alta e de aumento das desigualdades sociais e regionais.
Ao final do mandato de JK, em 1960, ocorreram eleições presidenciais, vencidas pelo advogado e professor Jânio da Silva Quadros, candidato apoiado pela UDN. Para vice-presidente venceu novamente João Goulart (PTB coligado ao PSD), adversário político de Jânio Quadros.
Isso foi possível porque, na época, permitia-se que o eleitor votasse no candidato de uma chapa para presidente e no de outra chapa para vice-presidente.
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