Incêndio atinge Museu Nacional, no Rio
Fábio Grellet,
Roberta Jansen e Roberta Pennafort

O Corpo de Bombeiros foi acionado às
19h30 e rapidamente chegou ao local, mas até as 21 horas o fogo permanecia fora
de controle. Era um incêndio de grandes proporções que tinha tomado todos os
andares do edifício.
Dezenas de curiosos entravam na Quinta da Boa Vista para
ver o incêndio. Funcionários choravam. Não havia registro de feridos. Grandes
labaredas atingiam os dois andares, e estrondos eram ouvidos de tempos em
tempos.
“Começou por volta das 19h30. Eu moro
pertinho e, assim que soube, vim pra cá. É uma pena, acho que não vai sobrar
nada”, afirmou o advogado Marcos Antônio Pereira, de 39 anos, enquanto
acompanhava o combate ao fogo.
Entre os funcionários do museu, o clima era de
desespero. “Queimou tudo, perdemos tudo”, repetia uma mulher, aos prantos. Ela
não quis se identificar.
O museu foi fundado por D. João VI e
tinha como um dos atrativos o quarto onde dormia o imperador D. Pedro II, no
Palácio de São Cristóvão.
Apesar do ambiente ainda
majestoso, reportagem feita pelo Estado em abril observou vários
sinais de abandono, como um lustre parcialmente quebrado, alguns móveis sem
conservação e manchas de umidade na parede.
Com um dos mais importantes acervos
de história natural da América Latina,
o museu chegou ao bicentenário com goteiras, infiltrações, salas vazias e
público de menos de 200 mil pessoas por ano - muito abaixo de sua capacidade.
Museu abriga
esqueleto mais antigo das Américas
O museu, ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro, reunia algumas das
mais importantes peças da história natural do País, como Luzia, o esqueleto
mais antigo já encontrado nas Américas. Com cerca de 12 mil anos de idade, foi
achado em Lagoa Santa, em Minas Gerais, em 1974.
Trata-se de uma mulher que morreu
entre os 20 e os 25 anos e foi uma das primeiras habitantes do Brasil. A
descoberta de Luzia mudou as teorias sobre o povoamento das Américas.
Outra peça marcante do museu é o
meteorito Bendegó, o maior já encontrado no Brasil e que tinha destaque no saguão
do prédio. Com 5,36 toneladas, a rocha é oriunda de uma região do Sistema Solar
entre os planetas Marte e Júpiter e tem cerca de 4,56 bilhões de anos. O
meteorito foi achado em 1784, em Monte Santo, no sertão da Bahia. Está na
coleção desde 1888.
Vaquinha. Em janeiro deste
ano, professores dos cursos de pós-graduação que trabalham no museu se uniram
para pagar a passagem de ônibus da equipe de limpeza. Eles temiam que a sujeira
afetasse o acervo, composto de muito material orgânico, sensível a micro-organismos. Leia mais
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