A expulsão de Dom Pedro II e de sua família do Brasil, em 1889, marcou o fim do regime monárquico no país e a ascensão da República. Esse evento foi resultado de um processo político e social que vinha se desenvolvendo ao longo do século XIX, com a crescente insatisfação de diversos setores da sociedade brasileira em relação à monarquia.
A Proclamação da República, liderada por militares, resultou na deposição do imperador e no exílio da família imperial. Neste artigo, analisaremos as causas, o desenrolar e as consequências desse episódio histórico, além das reações de Dom Pedro II e da sociedade brasileira à mudança de regime.
Contexto Histórico: O Brasil no Século XIX
No final do século XIX, o Brasil era uma das poucas monarquias remanescentes nas Américas. A monarquia brasileira havia sido instaurada em 1822, com a independência do país, sob o comando de Dom Pedro I.
Após sua abdicação em 1831, seu filho, Dom Pedro II, assumiu o trono ainda criança, governando por meio de uma regência até atingir a maioridade.
O Império do Brasil se consolidou sob o governo de Dom Pedro II, que era amplamente respeitado tanto nacional quanto internacionalmente. No entanto, apesar de sua popularidade pessoal, o sistema monárquico começou a enfrentar desafios internos.
Causas da Queda da Monarquia
Diversos fatores contribuíram para a queda do regime monárquico e a consequente expulsão de Dom Pedro II e sua família.
1. O Enfraquecimento do Apoio Militar
O Exército brasileiro, que havia sido fundamental na manutenção da monarquia durante o século XIX, começou a se afastar do imperador. Os militares estavam insatisfeitos com a falta de reconhecimento e com a manutenção do poder nas mãos da aristocracia monárquica. Além disso, os ideais republicanos influenciavam cada vez mais os oficiais.
2. A Abolição da Escravidão
A Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel em 1888, foi um dos fatores decisivos para a queda da monarquia. Embora a abolição da escravatura tenha sido um grande avanço social, ela desagradou os grandes fazendeiros e proprietários de escravos, que se sentiam traídos pela monarquia e passaram a apoiar o movimento republicano.
3. A Falta de Sucessão Masculina Direta
Dom Pedro II não tinha um herdeiro homem, e a sucessão da coroa caberia à sua filha, a Princesa Isabel. No entanto, muitos setores da sociedade viam com desconfiança a possibilidade de uma mulher governar o Brasil, ainda mais considerando a influência política do marido da princesa, o francês Conde d’Eu.
4. O Crescimento do Movimento Republicano
O movimento republicano crescia no Brasil, especialmente nas cidades e entre intelectuais, jornalistas e políticos. Os ideais republicanos ganhavam força, impulsionados pela insatisfação com o modelo monárquico.
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A Proclamação da República e a Expulsão da Família Imperial
No dia 15 de novembro de 1889, um golpe militar liderado pelo Marechal Deodoro da Fonseca resultou na deposição de Dom Pedro II. O movimento aconteceu de maneira relativamente pacífica, sem resistência por parte do imperador ou da população em geral.
A família imperial foi informada de sua deposição e recebeu ordens para deixar o Brasil imediatamente. Na madrugada do dia 17 de novembro de 1889, Dom Pedro II, a imperatriz Teresa Cristina, a Princesa Isabel e outros membros da família embarcaram no navio Alagoas, rumo à Europa.
Apesar de ter governado o Brasil por quase cinco décadas, Dom Pedro II aceitou seu exílio com resignação. Em sua última mensagem antes de partir, teria dito:
"Se assim é a vontade da nação, parto sem desgosto. Só me resta agradecer o carinho com que sempre fui tratado."
O Exílio da Família Imperial
Após sua expulsão do Brasil, Dom Pedro II e sua família se estabeleceram inicialmente em Lisboa, mas logo se mudaram para Paris. A vida no exílio foi modesta, já que o imperador se recusou a levar grandes quantias de dinheiro ou bens do Brasil.
A Imperatriz Teresa Cristina não suportou o choque da expulsão e faleceu poucos meses depois, em dezembro de 1889. Dom Pedro II, por sua vez, viveu seus últimos anos em relativa simplicidade, dedicando-se à leitura e ao estudo. Ele faleceu em 5 de dezembro de 1891, na França, sem nunca mais ter retornado ao Brasil.
Consequências da Queda da Monarquia
A expulsão de Dom Pedro II marcou uma profunda mudança na história do Brasil. A República foi estabelecida e passou por um período de instabilidade política nas primeiras décadas. Algumas das principais consequências da queda da monarquia incluem:
- Estabelecimento da República – O governo provisório de Deodoro da Fonseca deu início a uma nova estrutura política, com a adoção de uma Constituição republicana em 1891.
- Reformas Políticas – O novo regime trouxe mudanças na forma de governo, incluindo eleições diretas para o Executivo e Legislativo.
- Mudanças Sociais e Econômicas – A monarquia foi associada ao modelo agrário e escravocrata. Com sua queda, o Brasil começou a avançar em direção à industrialização e à urbanização.
- A Repressão ao Monarquismo – Durante a Primeira República, qualquer manifestação favorável à monarquia foi reprimida, e a família imperial permaneceu proibida de retornar ao Brasil até 1920.
A Reabilitação da Família Imperial no Brasil
Com o tempo, a imagem de Dom Pedro II foi sendo resgatada e valorizada. Em 1920, seu corpo e o da Imperatriz Teresa Cristina foram trasladados para o Brasil e receberam honras de Estado. O imperador passou a ser visto como uma figura de grande importância histórica, sendo lembrado por sua honestidade, cultura e dedicação ao país.
Atualmente, a monarquia ainda possui simpatizantes no Brasil, mas a forma republicana de governo permanece consolidada. O debate sobre a viabilidade do retorno da monarquia surge ocasionalmente, mas sem grande impacto político.
Conclusão
A expulsão de Dom Pedro II e da família imperial do Brasil foi um marco definitivo na transição do país para a República. O evento, apesar de ocorrer sem grande resistência, teve repercussões políticas, sociais e econômicas profundas.
Dom Pedro II aceitou seu destino com dignidade, deixando um legado de estabilidade e progresso para o Brasil. Sua figura continua sendo lembrada como um dos maiores líderes da história do país, e sua deposição ainda é debatida por historiadores como um momento crucial na trajetória política brasileira.
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Editor do blog
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