O que é o comunismo?
O comunismo é uma ideologia política, econômica e social que propõe uma sociedade igualitária, sem classes sociais, sem propriedade privada dos meios de produção e sem exploração do trabalho. A ideia central é que os meios de produção – como fábricas, terras e máquinas – sejam de propriedade comum, administrados pelo povo ou pelo Estado em nome da coletividade.
Mas qual a origem do comunismo na história? Como essa teoria se desenvolveu e ganhou força ao longo dos séculos? Neste artigo, vamos explorar desde os primeiros conceitos utópicos até a consolidação do marxismo, sua principal corrente teórica, passando pelas revoluções e impactos globais.
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As raízes filosóficas do comunismo
Embora o termo "comunismo" tenha ganhado força no século XIX, suas raízes filosóficas são muito mais antigas. Na Grécia Antiga, por exemplo, o filósofo Platão, em sua obra A República, descreveu uma sociedade ideal onde os bens seriam compartilhados entre os governantes (os chamados "guardas").
Na Idade Média, grupos cristãos como os cátaros e os anabatistas já defendiam comunidades religiosas sem propriedade privada, onde todos os bens eram divididos igualmente. Essas ideias, porém, tinham um caráter mais espiritual do que político ou econômico.
O comunismo utópico
No final do século XVIII e início do século XIX, durante o período da Revolução Industrial, surgem os primeiros pensadores que criticam abertamente o sistema capitalista emergente. Esses autores são conhecidos como socialistas utópicos.
Entre eles, destacam-se:
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Robert Owen (Reino Unido): idealizou comunidades cooperativas onde os trabalhadores viviam e produziam de forma igualitária;
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Charles Fourier (França): propôs a criação dos “falanstérios”, sociedades agrícolas e industriais autossuficientes;
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Henri de Saint-Simon (França): criticava a desigualdade e defendia uma sociedade organizada por mérito e utilidade social.
Esses pensadores inspiraram gerações futuras, mas suas ideias eram vistas como ingênuas por não proporem uma estratégia concreta de transformação social.
O nascimento do comunismo científico: Karl Marx e Friedrich Engels
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O que dizia o Manifesto Comunista?
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A história da humanidade é a história da luta de classes;
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A sociedade capitalista é baseada na exploração dos trabalhadores (proletariado) pelos donos do capital (burguesia);
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O proletariado deve se organizar politicamente, tomar o poder do Estado e abolir a propriedade privada dos meios de produção;
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Após uma fase de transição (ditadura do proletariado), o objetivo final seria uma sociedade comunista, sem Estado e sem classes.
Essa corrente passou a ser chamada de comunismo científico, pois se baseava na análise materialista da história, utilizando métodos racionais e científicos para explicar a evolução das sociedades.
A Revolução Industrial e o cenário do século XIX
A Revolução Industrial criou uma nova realidade social. Milhões de trabalhadores passaram a viver em condições precárias, com jornadas de trabalho exaustivas, salários baixos e ausência de direitos trabalhistas.
Esse cenário de desigualdade crescente fez com que o comunismo ganhasse cada vez mais apoio entre os operários das grandes cidades europeias. Partidos comunistas e socialistas começaram a surgir em diversos países, baseando-se nos ensinamentos de Marx e Engels.
A Revolução Russa: o comunismo na prática
Um marco decisivo para o comunismo no século XX foi a Revolução Russa de 1917. Liderada por Vladimir Lênin e pelo Partido Bolchevique, essa revolução derrubou o regime czarista e implantou o primeiro Estado socialista do mundo: a União Soviética.
Principais características do comunismo soviético:
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Nacionalização da indústria e das terras;
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Fim da propriedade privada dos meios de produção;
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Planejamento central da economia;
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Partido único (Partido Comunista);
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Repressão a opositores políticos e controle da mídia.
A revolução russa inspirou outros movimentos comunistas ao redor do mundo, como na China (1949), Cuba (1959), Vietnã, Coreia do Norte, entre outros.
A Guerra Fria e o comunismo global
Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo se dividiu em dois grandes blocos: capitalista (liderado pelos Estados Unidos) e comunista (liderado pela União Soviética). Esse período ficou conhecido como Guerra Fria, e durou até 1991.
Durante esse tempo:
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O comunismo se expandiu para diversas partes do mundo;
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Ocorreu a corrida armamentista e a disputa ideológica;
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Movimentos de libertação nacional adotaram o marxismo como base ideológica;
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A repressão em países comunistas gerou críticas e dissidências internas.
A queda do comunismo no século XX
A partir da década de 1980, a União Soviética enfrentou sérias crises econômicas e políticas. Com a chegada de Mikhail Gorbachev ao poder, reformas como a perestroika (reestruturação econômica) e a glasnost (abertura política) foram tentadas, mas não evitaram o colapso.
Em 1991, a União Soviética foi dissolvida, marcando simbolicamente o fim da era comunista como sistema de Estado em grande escala.
O comunismo no século XXI
Embora muitos dos antigos países comunistas tenham migrado para economias de mercado, o comunismo ainda existe como ideologia e partido político em diversos lugares.
Alguns países com governos comunistas ou inspirados no marxismo atualmente incluem:
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China (embora com economia de mercado, mantém o Partido Comunista no poder);
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Cuba;
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Coreia do Norte;
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Vietnã;
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Laos.
Além disso, partidos comunistas atuam legalmente em países democráticos, como Portugal, França, Grécia, Brasil e Índia.
Conclusão: qual a importância de estudar a origem do comunismo?
Entender a origem do comunismo na história é fundamental para compreender os grandes conflitos do século XX, os desafios do mundo contemporâneo e os debates sobre desigualdade social, justiça econômica e organização do poder.
O comunismo, mais do que uma simples doutrina, influenciou revoluções, políticas públicas, movimentos sociais e intelectuais por todo o mundo. Ao conhecer suas raízes, é possível refletir de forma mais crítica sobre as alternativas ao capitalismo, suas promessas e suas contradições.
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