Maria I da Inglaterra, também conhecida como Maria Tudor ou Rainha Sanguinária, foi a primeira mulher a governar a Inglaterra com autoridade plena. Seu reinado (1553–1558) marcou um período turbulento na história inglesa, com perseguições religiosas, tentativa de restauração do catolicismo e desafios políticos.
Neste artigo, exploramos a biografia da Rainha Maria I, destacando os principais eventos de sua vida.
Infância e formação de Maria Tudor
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Quando Henrique VIII rompeu com o Papa e fundou a Igreja Anglicana, a princesa Maria foi deslegitimada, afastada da corte e obrigada a renunciar sua fé — algo que ela recusou com firmeza. Essa fase da vida da rainha é marcada por dor, rejeição e isolamento, contribuindo para moldar sua visão religiosa e política.
A crise religiosa e a Reforma Anglicana
A história da Reforma Anglicana é inseparável da trajetória de Maria Tudor. Durante o reinado de seu meio-irmão, Eduardo VI, um rei protestante, a Inglaterra fortaleceu ainda mais sua ruptura com o catolicismo. Maria, no entanto, permaneceu fiel ao Papa e celebrou missas clandestinas — atitude que a transformou em símbolo de resistência para os católicos ingleses.
Essa tensão religiosa cresceria ainda mais após a morte precoce de Eduardo VI, em 1553, abrindo caminho para uma disputa pelo trono.
A ascensão de Maria I ao trono da Inglaterra
Com a morte de Eduardo VI, líderes protestantes tentaram impedir a coroação de Maria e colocaram no trono sua prima, Lady Jane Grey. No entanto, Maria reuniu apoio popular, marchou com seu exército a Londres e depôs Jane em menos de duas semanas. Assim, Maria Tudor foi coroada como Rainha Maria I da Inglaterra.
Esse episódio foi visto como um retorno à legitimidade da linhagem Tudor e também como a esperança de restauração do catolicismo no país. Sua coroação marcou uma virada religiosa e política na história da monarquia inglesa.
Casamento com Filipe II da Espanha
Em 1554, Maria I casou-se com Filipe II da Espanha, príncipe católico e filho do imperador Carlos V. A união visava fortalecer os laços entre a Inglaterra e a Espanha, além de reforçar os planos de restauração da fé católica.
Entretanto, o casamento de Maria Tudor com Filipe II gerou grande descontentamento entre os ingleses, que temiam a dominação espanhola. O casal também enfrentou problemas pessoais: Maria era apaixonada por Filipe, mas o príncipe era indiferente e passava longos períodos fora da Inglaterra.
A ausência de filhos tornou-se uma tragédia pessoal para a rainha, frustrando o sonho de garantir uma sucessão católica ao trono inglês.
A restauração do catolicismo e a perseguição protestante
Ao assumir o trono, Maria I iniciou um processo intenso de reversão das reformas protestantes. Com o apoio do Parlamento, restaurou a autoridade papal e reinstituiu a missa católica.
Contudo, a rainha não se limitou a mudanças legais. Ela perseguiu com violência os que se opunham ao catolicismo. Entre 1555 e 1558, mais de 300 protestantes foram queimados vivos em praça pública, incluindo figuras como Thomas Cranmer, arcebispo de Canterbury.
Esse período sangrento rendeu a Maria o apelido de "Rainha Sanguinária" (em inglês, "Bloody Mary"), um dos nomes mais conhecidos da história da Inglaterra.
Reação popular e fracasso político
A tentativa de impor o catolicismo romano na Inglaterra por meio da violência acabou minando o prestígio da rainha. As execuções públicas criaram mártires protestantes e aumentaram a rejeição ao catolicismo.
Além disso, o povo enfrentava crises econômicas, fome e inflação. A guerra contra a França — incentivada por Filipe II — levou à perda de Calais, o último território inglês na Europa continental, o que humilhou ainda mais a coroa inglesa.
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A morte de Maria I da Inglaterra
Com a saúde debilitada, Maria I adoeceu em 1558. Acredita-se que ela tenha morrido em consequência de um câncer de útero ou tuberculose. Sem deixar herdeiros, Maria foi sucedida por sua meia-irmã protestante, Isabel I, que consolidaria o anglicanismo como religião oficial.
A morte da Rainha Maria Tudor marcou o fim da tentativa de restaurar o catolicismo na Inglaterra. O país entrava agora na era elisabetana, marcada por estabilidade e supremacia protestante.
O legado da Rainha Maria Tudor
O legado de Maria I da Inglaterra permanece controverso. Ela foi a primeira mulher a governar a Inglaterra por direito próprio, abrindo caminho para futuras rainhas poderosas, como Isabel I e Vitória. No entanto, sua política de perseguição religiosa, o fracasso em gerar um herdeiro e a submissão ao marido estrangeiro deixaram marcas negativas.
Apesar da reputação como Rainha Sanguinária, alguns historiadores modernos tentam reavaliar Maria como uma mulher profundamente religiosa, marcada por traumas familiares e pressões políticas.
Considerações finais
A história da Rainha Maria I da Inglaterra é uma narrativa poderosa sobre fé, poder, medo e ambição. Sua tentativa de restaurar o catolicismo marcou profundamente a monarquia inglesa, mesmo que tenha sido derrotada por forças sociais e políticas mais amplas.
Compreender sua trajetória é essencial para entender os conflitos religiosos da Inglaterra Tudor, o papel das mulheres na política e os perigos de um governo guiado pela intolerância religiosa.
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