O que é a Tática da Terra Arrasada?
A tática da terra arrasada é uma estratégia militar usada ao longo da história por exércitos que estão recuando ou se defendendo de uma invasão. O objetivo principal é destruir tudo que possa ser útil ao inimigo, como plantações, casas, pontes, estradas, estoques de alimentos, fontes de água e até cidades inteiras. Assim, os inimigos ficam sem recursos e têm mais dificuldades para avançar ou sobreviver.
Essa tática é cruel, pois causa muito sofrimento para a população civil, que também perde seus bens e meios de sobrevivência. No entanto, em contextos de guerra total, foi vista como uma maneira de enfraquecer o inimigo sem confronto direto.
Origens e Primeiros Registros
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Na Idade Média, reis e senhores feudais também aplicaram essa tática para impedir invasões ou controlar regiões rebeldes. Mas foi principalmente nos séculos XVIII, XIX e XX que a tática ganhou destaque e foi registrada com mais clareza nos livros de história.
Exemplos Históricos Importantes
1. Invasão de Napoleão à Rússia (1812)
Um dos episódios mais famosos do uso da terra arrasada foi durante a Campanha de Napoleão Bonaparte à Rússia, em 1812. O exército francês invadiu o território russo com mais de 600 mil soldados, acreditando que tomaria Moscou rapidamente.
No entanto, os russos, liderados pelo czar Alexandre I, recuaram lentamente e destruíram tudo o que poderia ser aproveitado pelos franceses: queimaram plantações, vilarejos e até parte da cidade de Moscou.
Sem comida, abrigo e enfrentando o rigoroso inverno russo, o exército de Napoleão começou a morrer de fome, frio e doenças. No fim da campanha, apenas cerca de 100 mil soldados conseguiram voltar vivos. Essa derrota foi um dos maiores fracassos de Napoleão e mostrou a força da tática da terra arrasada.
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2. Segunda Guerra Mundial – União Soviética
Durante a Segunda Guerra Mundial, a União Soviética voltou a usar a tática da terra arrasada quando foi invadida pela Alemanha nazista, em 1941. Os soldados soviéticos recuaram diante do avanço alemão, mas destruíram ferrovias, fábricas, campos e até barragens.
A ideia era impedir que os nazistas encontrassem recursos para manter a ocupação, dificultando o avanço do inimigo no território soviético. Assim como aconteceu com Napoleão, o inverno russo e a falta de suprimentos foram fatais para os alemães.
3. Guerra Civil Americana (1861–1865)
Outro exemplo clássico do uso dessa tática ocorreu durante a Guerra Civil dos Estados Unidos, no século XIX. O general William Tecumseh Sherman, da União (norte), conduziu uma marcha destruidora pelo sul dos EUA, queimando plantações, ferrovias, cidades e tudo o que pudesse sustentar os soldados do sul.
Sherman justificou a destruição como forma de acelerar o fim da guerra, quebrando o moral da população confederada e diminuindo sua capacidade de resistência. A marcha ficou conhecida como "Marcha para o Mar".
A Tática da Terra Arrasada no Brasil
No contexto brasileiro, a tática da terra arrasada foi pouco usada em guerras formais, mas há registros dela em revoltas internas e conflitos no período colonial e imperial. Durante a Guerra de Canudos (1896–1897), por exemplo, o exército brasileiro destruiu completamente o arraial de Canudos, no sertão da Bahia, para impedir qualquer reorganização por parte dos seguidores de Antônio Conselheiro.
Consequências da Tática da Terra Arrasada
1. Sofrimento da População Civil
A maior consequência negativa da tática da terra arrasada é o impacto sobre as pessoas comuns. Quando plantações são queimadas e cidades destruídas, a população fica sem abrigo, comida e segurança. Isso leva a fome, doenças, migrações forçadas e mortes.
2. Prejuízos Econômicos
A destruição de recursos naturais e infraestrutura causa um enorme prejuízo econômico. Mesmo após o fim da guerra, os países demoram anos ou décadas para se recuperar dos danos causados.
3. Enfraquecimento do Inimigo
Apesar de cruel, a tática muitas vezes consegue seu objetivo militar: enfraquecer ou derrotar o exército inimigo sem grandes batalhas diretas. Ao cortar o acesso a alimentos e abrigo, o inimigo é forçado a recuar ou se render.
Aspectos Geopolíticos da Terra Arrasada
Do ponto de vista da geopolítica, a tática da terra arrasada reflete o poder dos estados sobre seus próprios territórios e sobre a população civil. Governos ou líderes militares que aplicam essa estratégia geralmente estão lidando com ameaças existenciais e veem a destruição como um "mal necessário".
Além disso, essa tática mostra como o espaço geográfico pode ser usado como arma. A geografia, o clima e os recursos naturais são partes fundamentais da estratégia militar. Países como a Rússia, por exemplo, sempre utilizaram seu território vasto e clima rigoroso como aliados em tempos de guerra.
A Terra Arrasada no Século XXI
Atualmente, a tática da terra arrasada é menos comum nos moldes tradicionais, mas ainda pode ser observada em conflitos modernos. Grupos terroristas e exércitos em guerra civil, como no Oriente Médio e na África, às vezes destroem infraestrutura intencionalmente para impedir o avanço inimigo ou punir populações civis.
Com o avanço do direito internacional e a atuação de organizações como a ONU, esse tipo de ação passou a ser considerado um crime de guerra, principalmente quando atinge civis.
Resumo dos Principais Pontos
- A tática da terra arrasada consiste em destruir tudo que possa ser útil ao inimigo.
- Foi usada por impérios antigos, Napoleão, na Segunda Guerra Mundial e em conflitos internos.
- Teve grande impacto na Campanha da Rússia e em batalhas da Guerra Civil Americana.
- Seus efeitos são devastadores para a população civil e a economia do país.
- Ainda é usada em conflitos modernos, embora seja condenada por leis internacionais.
Conclusão
A tática da terra arrasada é uma das mais radicais estratégias de guerra da história. Embora tenha ajudado a conter invasores em diversos momentos, como no caso da Rússia contra Napoleão e Hitler, ela também representa um lado sombrio dos conflitos armados.
Para os estudantes de história e geopolítica, entender essa tática é essencial para compreender como as guerras afetam não apenas soldados e líderes, mas também milhões de pessoas inocentes. Além disso, esse estudo mostra como a geografia, o clima e os recursos são elementos decisivos em qualquer conflito.
Conhecer os efeitos da terra arrasada também nos ajuda a valorizar a paz, o diálogo e o respeito entre as nações, elementos fundamentais para um futuro melhor.
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